sábado, 23 de agosto de 2014

Polônia parte 2: Cracóvia inesquecível

Bom... antes de começar a falar sobre a Cracóvia, quero que vocês reflitam sobre as principais diferenças entre as cidades do Rio de Janeiro (Rio) e São Paulo. São Paulo é o polo econômico do nosso país, quer ganhar bem e ter maiores chances de arrumar um emprego, vá para lá. A cidade poderia ser relacionada à Londres por essa característica, e pelo fato de ser a terra garoa, cidade cinza (só os parques salvam) porém, extremamente rica em cultura. O Rio é a cidade boêmia, onde as pessoas levam a vida de maneira mais leve. Lá não se ganha tão bem, porém sempre vemos um sorriso no rosto do povo (o clima de praia provavelmente é o culpado). A cidade do Rio de Janeiro já foi residência da família real Portuguesa, à época do Império e capital do Brasil, no início da República, e portanto, possui diversas construções históricas , que apesar de não estarem bem preservadas, são belíssimas.

Com isso em mente, nos transferimos para a Polônia, onde eu compararia a Varsóvia com São Paulo  e o Rio com a Cracóvia.

 Como uma boa carioca que sou, vocês já devem imaginar o final dessa história não é? Me apaixonei por Cracóvia, de fato a cidade lembra o Rio no sentido de possuir um clima extremante leve, beirando a fanfarrice carioca. A cidade, assim como o Rio, já foi capital da Polônia, e pasmem foi capital do "Império nazista"; porém, ao contrário do Rio de Janeiro, possui a sua história extremamente viva nas suas construções, que datam da Idade Média.  Pelo fato de ter sido escolhida pelos alemães (estrategicamente) como capital do "Império" durante a Segunda Guerra, a cidade, diferente de Varsóvia, não sofreu nenhum tipo de destruição. O mais interessante é que como Cracóvia era habitada pelos altos generais  do exército  alemão e suas famílias, lá era proibido que o clima se tornasse "pesado", como ocorria no resto do país, e pouco se sabia sobre o que se passava com os judeus, bem como sobre a existência dos campos de concentração. Vale lembrar que próximo da cidade existe um dos maiores campos de concentração de extermínio de judeus já construído Auschwitz, que foi palco de belíssimas películas cinematográficas como o "Menino de pijama listrado". A cidade também foi palco do famoso filme do diretor Spielberg - "Lista de Schindler". 

Eu e Karina chegamos à Cracóvia depois de dois breves dias em Varsóvia, pois queríamos passar mais dias na tal cidade, que tantas pessoas nos tinham elogiado. A estação de trem onde saltamos localizava-se no centro da cidade, bem próximo da Old Town. Diferentemente de outras cidades, eu e Karina resolvemos ficar em um hostel, pois queríamos experimentar a tal farra ao "estilo carioca". Pegamos a valiosa dica da Karla (nossa amiga de blog) e fomos para o Hostel Greg and Tom Beer House. O hostel se localiza na rua principal da Old Town, logo após o portão de entrada dos muros, o que já te faz se sentir voltando no passado medieval da Europa. Sobre o hostel em si, eu só tenho elogios, foi certamente disparado o melhor hostel que eu já fiquei na vida!! Além do staff ser muito simpático, no hostel tem um pub que tem música ao vivo boa TODOS OS DIAS, então é muito fácil interagir com todos os hóspedes, fora os pub crawls diários por apenas 40 PLN (ah, os pubs crawls......). 
A diária do hostel é super honesta, 14 euros (em maio de 2014), algo em torno de 45-50 PLN. Nessa diária está incluso o jantar, sim o jantar, mas certamente não é um jantar nem um pouco parecido com o que os mochileiros estão acostumados, o jantar possui entrada, prato principal e uma bela sobremesa. É um banquete inacreditável!
Assim que chegamos, fomos recepcionadas com shots de graça (de vodka claro) e fomos para o bar do hostel tomar uma cerveja. O bar estava bastante movimentado, pois era quarta de Karaokê. Lógico que resolvemos dar uma palinha de boa música brasileira, principalmente depois que, pasmem, ouvimos um grupo de menina polonesas cantando "ai se eu te pego". Jesus!!

Entrada da Old Town.

Rua principal, onde fica o hostel.

Uma das sobremesas do nosso jantar 5*, já se imaginou mochilando e comendo um jantar desses? Acho que aqui fiz uma boa reserva de lipídios para perder no resto da viagem, rs.

No segundo dia acordamos cedo e fomos dar uma volta pela cidade, mas a chuva logo nos espantou e acabamos indo até o mercado na praça medieval Rynek Głowny. O mercado é uma construção bastante antiga, e esconde abaixo dele um museu subterrâneo sobre o qual comentarei mais a frente. Nesse mercado você encontra um pouco do artesanato polonês, principalmente joias feitas com pedraria. Os valores talvez não sejam dos mais baratos, pois o local é bastante turístico, mas também não chegam a ser caros. Logo após o o tour pelo mercado voltamos para o hostel, onde resolvemos fazer booking do passeio para Salt Mines na parte da tarde, o almoço no próprio hostel estava incluído no valor (100 PLN). Como o nome já diz, trata-se de uma mina de sal que foi estabelecida no século XIII. A mina hoje encontra-se desativada, funciona apenas como um enorme museu. O minério de sal sempre foi uma prática extremamente perigosa, porém nas ultimas décadas, o trabalho que antes era manual passou a ser operado por máquinas. Durante o passeio você viaja um pouco na história da mineração, através de diversas esculturas feitas todas em sal que contam detalhes de como eram realizadas essas minerações. O mais interessante do passeio, talvez seja a catedral, construída a aproximadamente 327 metros subterrâneos, com suas maravilhosas esculturas de sal. Só para constar, muitas pessoas se casam na catedral de sal,  dizem que é extremamente concorrido. Além da catedral eles também contam com um salão enorme para eventos. Só um aviso: prepare-se para descer mais de mil degraus, mas relaxe, pois a subida é em um elevador super divertido!!

 Mercado público.

Interior do mercado.

 Esculturas de sal que ilustram a história da mina.

Claro que a estátua dele não poderia faltar na Mina, Papa João Paulo II.

No dia seguinte a nossa ideia era fazer um trekking em umas montanhas próximas à Cracóvia, porém o cara da recepção do hostel nos desencorajou, disse que com o mau tempo dos próximos dias não valeria a pena e que estaria muito frio, com possibilidade de neve.  Apesar de não ter feito o trekking vou deixar a dica aqui, pois o lugar parece ser alucinante, e a trilha é super bem marcada, o que faz com que qualquer pessoa com o mínimo de experiência consiga fazer a caminhada sem ter que contratar guia ou ir com excursão.
Para chegar ao trekking você precisa apanhar um ônibus da Cracóvia até a bonita cidade de Zakopane, dizem que já da cidade é possível avistar a cadeia de montanhas, e que esse passeio por si já vale! De lá você segue as instruções locais e pega um novo ônibus para Tatra, essa montanha possui diversas trilhas, mas a que mais me encheu os olhos foi a que você avista o lago.

[Obrazek: z12816304V,Tatry--Pierwszy-snieg-nad-Mor...-Tatry.jpg] 
Por essas fotos e outras que eu fiquei na vontade, mas a Polônia pode ser meu destino novamente em um futuro próximo. Foto retirada do site: http://www.samotni-forum.cba.pl/

Como o trekking acabou não acontecendo, resolvemos não dormir cedo, fomos tomar uma cerveja no pub do hostel, e assistir ao show da noite. A animação do pessoal porém, não era das maiores, apesar de terem duas australianas doidas, elas não nos deram muita confiança, então, resolvemos dormir. O mais animado foi ver uma mesa composta por senhores irlandeses fazendo uma farra, o que me deu uma pista do que seria a minha futura vida na Irlanda.

No dia seguinte, resolvemos fazer o free walking tour da Old Town. Como já diz no nome, o passeio é de graça, e saia da igreja da praça do mercado, pertinho do nosso hostel. Apesar da chuva chata, valeu muito a pena. Já na saída ele fala que nessa Igreja ao invés de tocar o sino a cada hora do dia, sobe uma pessoa até a torre da igreja, abre a janelinha e começa a tocar um violino, fato que dependendo da sorte, pode ser observado logo no início do tour. Esse hábito existe desde do período medieval. Com certeza o mais interessante do passeio é a parte da história medieval da cidade, ali na praça você consegue observar que algumas edificações iniciam abaixo do nível da rua. O porquê disso é simples, antigamente não existia coleta de lixo então as cidades da Idade Média viviam lotadas de lixo espalhados pelas ruas. No entanto, toda vez que a cidade recebia algum tipo de evento ou visita de alguma pessoa ilustre, o Rei ordenava que o lixo fosse todo aterrado, logo uma camada de chão nova era construída na cidade. Moral da história, a Old Town possui diversas camadas de chão com lixo entre elas, o que é muito interessante. No passeio, você também observa que, no entorno da Old Town foi construído um parque que delimita o local exato onde existiam os muros da cidade medieval. O portão principal e a parte do muro que se manteve intacta também possuem uma história interessante, há um século atrás queriam derrubar esse portão, porém um senhor esperto e amante da história local teve uma brilhante ideia para impedir tal evento,  foi até o conselho responsável pela cidade e colocou que o muro protegia a rua principal e a praça dos fortes ventos, e se o mesmo fosse derrubado corria o risco das mulheres terem as suas saias levantadas todas as vezes que cruzassem aquelas ruas. Como a sociedade era extremamente conservadora naquela época, já deu para ver que a observação foi logo levada em extrema consideração. Durante o percurso, você também conhece a casa onde o papa João Paulo II morou antes de se transformar em Papa, e a Igreja que ele fazia as suas missas. O percurso se encerra no castelo de Wawel onde você escuta algumas lendas, como a antiga existência de um dragão nas grutas abaixo do castelo e o quão lindo o pátio central do castelo fica em dias ensolarados.

Igreja onde ocorre o evento do violino.


Free Walking Tour no portão principal da cidade.

Através dessa edificação na praça é possível observar as camadas do chão da Old Town.
 Casa onde o Papa João Paulo II morou.

Muros do castelo de Wawel.


Castelo de Wawel.

À noite, fomos para o bar do hostel novamente, porém com a ideia de participar do pub crawl. O show dessa noite foi excelente, um rockzinho de leve. A galera nesse dia era bem mais animada, conhecemos canadenses e australianos e um kiwi (pessoa que nasce na Nova Zelândia). Estávamos no meio de nativos da língua inglesa e eramos as únicas não nativas. Nesse momento tive certeza que meu inglês estava muito bom! O pessoal do outro hostel, da rede Greg and Tom, passou lá para nos buscar e começar a tomar shots, porém resolvemos assistir o show até o final e encontrar o pessoal do outro hostel já no caminho. Claro que nos perdemos e não conseguimos encontrá-los! A moral da história foi que a dona de uma boate viu nosso enorme grupo e ofereceu a entrada com shots de graça, pronto assim começamos nosso próprio pub crawl, que durou umas duas boate, até eu me perder, rs.

No quarto dia, depois de uma leve ressaca diurna, e um almoço regado de salada no pub do nosso hostel (entre 16 e 18 PLN), fomos para outro walking tour, dessa vez direcionado ao bairro judeu. O walking tour saí também da porta da Igreja da praça, e é realizado mesmo com chuva - e que chuva que estava! Ouvimos histórias sobre os guetos que eram criados, de onde os judeus eram terminantemente proibidos de sair, e que muitos deles morriam ali mesmo devido as condições miseráveis que eram impostas à eles. Apenas algumas casas do gueto ainda estão por lá, mas da para ter ideia de quão pequenas eram para a multidão que por lá morava. Os judeus dormiam praticamente empilhados. O mais chocante é que eles não tinham ideia sobre os campos de concentração, a maioria pegava o trem com a crença de que iria para um lugar melhor, sem saber que estava caminhando para a própria morte. Sobre Schindler, descobrimos que a sua fama é um tanto controversa, e que o filme colore muito a história, na realidade existiam alguns interesses por trás de toda as atitudes dele mas isso eu deixo para vocês descobrirem por lá, rs. No tour nós não chegamos a ir até a fábrica dele, porém o tour acaba bem próximo da fábrica e é possível ir até lá. Outra coisa que também é mencionada são as humilhações que os alemães faziam os judeus passarem, de todas as formas possíveis. Talvez a mais absurda tenha sido a desativação de todas as sinagogas, e a utilização da principal delas como dormitório do exército nazista, assim como para guardar o armamento do mesmo. Segundo os poloneses o melhor filme até hoje feito sobre o assunto é: "O Pianista". O filme retrata de forma fiel tudo o que os judeus passaram. O passeio termina perto de uns restaurantes poloneses, então resolvemos experimentar os famosos Pierogis, que lembra uns pastéis  cozidos. A Karina esqueceu o celular nesse bar, mas conseguiu resgatar tranquilamente no dia seguinte com o auxílio do pessoal do hostel. 


A chuva não deu um minuto de trégua sequer.

Bairro Judaico.

Sinagoga utilizada pelos Alemães para guardar o armamento.


 Monumento criado para homenagear os 65 mil poloneses assassinados durante a Segunda Guerra.

Cenário selecionado pelo Spielberg.


Os restaurantes locais souberam aproveitar a fama.

 Ponte que leva até o Gueto criado para colocar os Judeus separados do resto da população. Obs: incrível como todas as cidades da Europa possuem pontes com cadeado, rs

 Lembranças de tempos difíceis.

 Algumas das casas do gueto que ainda estão em pé, em cada um dos quartos viviam algo em torno de 10 judeus.

Essa talvez seja uma das cenas mais tocantes de todo o tour. As cadeiras vazias simbolizam os Judeus que iam até a praça com suas malas na crença de que iriam para um lugar melhor que os guetos, deixavam suas malas lá, pois teoricamente as mesmas seriam enviadas depois e apanhavam o trem, rumo a própria morte!!

Logo após essa maravilhosa aula de história fui encontrar uma menina polonesa que conheci no Couchsurfing, quando estava procurando casa em Dublin e, teoricamente, combinamos de dividir um quarto provisoriamente pelo primeiro mês. Eu, porém, me perdi no papo sobre as culturas e países, e as diversas semelhanças que o Brasil possui com a Polônia. Quando fui ver, havia perdido o jantar 0800 que, nos fins de semana, ocorre mais cedo. Era sexta, ou seja, mais um dia de pub crawl. Esse foi especial, pois fizemos nossos próprios shots em homenagem à bandeira da Polônia. Foi uma noite de meninas e, novamente, éramos as únicas não nativas da língua inglesa entre canadenses, australianas e americanas.

Vodka, tabasco e groselha - bandeira polonesa.


Karina mostrando suas habilidades.


 Pessoa ? no meio da noite!! rs.

 Meninas queridas que conhecemos lá.

No quinto dia, depois da ressaca matinal, resolvemos ir com o pessoal até o castelo de Wawel, novamente para ver a estátua do tal dragão, que em teoria cuspia fogo de tempo em tempo. Pelo castelo, você desce na gruta onde vivia o dragão, segundo a lenda, e encontra a tal estátua. Ficamos meia hora esperando o tal dragão cuspir fogo e nada. Foi a maior furada, mas valeu pela diversão. Após a decepção com o dragão, fomos até o mercado público que possui um museu medieval abaixo dele. Novamente nos decepcionamos, quando descobrimos que o ingresso precisa ser comprado no dia anterior e a hora da visita deve ser marcada, devido à alta popularidade do museu. Aproveitamos que já era final de tarde (17hs) e fomos assistir o relógio da universidade tocar (ô povo para gostar de relógio), porém não achei nada demais. Após o jantar, finalmente algo que nunca nos decepcionou... PUB CRAWL. Na noite de sábado, o hostel estava lotado. Resolvemos fazer aquela brincadeira de colocar o nome de algum famoso na testa, e tentar adivinhar quem você é. Como éramos de várias nacionalidades, foi engraçado, pois alguém famoso para eles não era, necessariamente famoso para mim. (Ok, eu era o Rafael Nadal, mas custei a adivinhar porque esqueci o nome dele! Isso significou vários shots para dentro!) Nessa noite, minha amiga polonesa se juntou a nós, formamos um grande grupo. Infelizmente, a diversão foi abreviada já na primeira boate, onde ela (amiga polonesa) foi furtada, coisa rara por lá. Fiquei me sentindo mal, pois eu que a convidei, e ela nunca havia sido roubada na vida, ou visto algo assim acontecer por lá. Infelizmente, nem seus documentos foram devolvidos. Acabei me perdendo de todos por conta do episódio, e deixando minha carteira com a Kristin (a americana), porém, ela foi esperta e deixou a carteira para mim na recepção do hostel, já que na manhã seguinte eu precisava fazer booking de mais duas noites no hostel.


O dragão que não cuspiu fogo.


Sendo ridícula... 


O ponto de encontro de todos os jovens poloneses na praça do mercado.


O relógio da universidade que toca todo dia 17hs da tarde, confesso que esperava mais do tão comentado espetáculo musical de bonecos de madeira...


 Kasia (polonesa), Kristin (americana), Gabriel (Hong Kong) e Steve (australiano).

Antes de sermos furtados estava tudo show!

 A brincadeira rendeu bons shots e boas risadas, o pessoal do Hostel era d+.

No penúltimo dia, me despedi da Karina logo cedo. Ela partiu para Roma e, desde então, não a vi mais. Dormi mais um pouco e resolvi dar uma volta com o brasileiro que estava hospedado por lá. Entramos na Igreja da praça e fomos caminhar para aproveitar, enfim, o SOL. Após o almoço, fomos ao museu subterrâneo da Rynek Glowny, que realmente vale a pena, principalmente para os que gostam de história medieval (Rynek Underground). Abaixo do mercado, existem diversas ruínas da cidade medieval que Cracóvia foi um dia, além deles terem replicado diversas práticas da sociedade na época. A entrada,se eu não me engano, era 16 PLN para estudantes, vale bastante!

Balança que era utilizada para medir o peso das pessoas. Ela é bastante precisa.


Antiga casa de um ferreiro.

À noite, nada mais nada menos do que outro pub crawl. Começamos a beber no bar e recebemos uma garrafa de vodka para participar, porém perdemos o bonde do outro hostel. Tentamos encontrar eles, mas acabamos recebendo convites de uma moça na rua para conhecer uma boate, lá ganhamos alguns shots de graça. Lá pelas tantas o organizador do pub crawl do hostel descobriu que estávamos lá, e chegou para os resgatar e conseguir mais shots de graça.

Johnny o kiwi, a finlandesa, Steve e Jack o britânico.

No último dia, a ideia era ir para Auschwitz, já que esperei a Karina partir para ir, pois ela não queria conhecer mais um campo de concentração,  porém perdi a hora e não consegui fazer booking para a excursão da manhã. Tentei fazer de tarde, mas não tinha mais vaga, aí resolvi curtir o pessoal do hostel. Fui até a rodoviária ver o esquema de ônibus para o aeroporto, pois o meu voo para Londres sairia às 6hs da manhã. Faltava fazer uma coisa que todos falam que é onde você tem o melhor visual da cidade, subir em um balão. O voo no balão é 38 PLN e fica do outro lado do Rio. Fomos até lá e tivemos que aguardar 2 horas para ver se o vento diminuía, pois o balão não sobe com muito vento. Aproveitamos que em frente havia um barco bar e sentamos por lá para tomar uma cerveja. Infelizmente, para nosso azar, o vento não diminuiu e o balão não funcionou naquele dia. A dica é antes de ir ao balão- ligar para ter informações sobre o clima ou fazer o booking pelo site. 

O que nos restou foi: PUB CRAWL. Nessa noite, o pub crawl teve clima de despedida, paguei só a metade pois não ficaria até o final. Conheci duas moças divertidíssimas do País de Gales que me convidaram para ficar na casa delas o dia que eu for para lá. A noite foi regada a gincanas, com o intuito, lógico, de beber vodka.

Sorvetinho delicia comprado na praça para comemorar o bom clima.


Carruagens sempre presentes nos centros históricos das cidades europeias.  


O balão e o bar barco em frente.


Cervejinha no bar barco com o Steve e o brazuca que está estudando direto na Inglaterra.

Shots e mais shots.


Kristin, Steve, Jack e as duas moças figuras do País de Gales.

Não podia deixar de comentar a história do querido kiwi. Ele tem a minha idade e era carpinteiro na Nova Zelândia, vendeu a casa, deixou tudooo para trás e resolveu se jogar no mundo. Hoje, já é um cara muito mais culto do que muita gente que eu conheço que tem doutorado. É tão humilde que ouvia nossas conversas sobre estudos e ficava super super sem graça de pensar que mal tinha estudos.


O bonde: brazuca, Johnny Bravo, Rafael (o outro brazuca), Kristin e um dos organizadores de pub crawl do hostel (eles eram um show à parte).

Acordei, ou melhor, mal dormi e resolvi pegar um táxi para não correr nenhum risco de perder o voo, aproveitando que o táxi era barato. A Cracóvia vai deixar saudade...

Próxima parada: morando na Irlanda...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Polônia parte 1: Varsóvia

Bom, vou aproveitar a noite que terei que passar no aeroporto de Faro, devido ao bolo que tomei do meu host em cima da hora (primeira experiência negativa), para escrever mais uma aventura. Antes só um parênteses: nessa história de dormir no aeroporto achei um site bem útil, exatamente sobre o assunto: Sleeping in airports.

Antes que você leia esse "post" tenho um aviso a fazer: Se você é o tipo de pessoa que acredita que Europa se resume à França, Inglaterra, Espanha, Itália, Holanda e Alemanha, PARE AGORA antes que eu mude as suas crenças!!

Se você resolveu continuar a ler, é hora de abrir a sua mente, como alguns vários brasileiros já estão fazendo, e mudar seus roteiros convencionais para lugares tão interessantes quanto os clássicos, e que são MUITOOOO mais baratos e sim são na Europa.

Sente na cadeira e vamos decolar comigo para a incrível Polônia, primeira parada - a capital Varsóvia. Antes que você abra o google para procurar a localização e outros detalhes sobre o País, vou passar algumas informações:

A Polônia é o nono maior país da Europa, integra a União Europeia (a contra gosto de algumas simpáticos como o Reino Unido) e possui uma moeda que podemos equiparar ao real o PLN (boa notícia NÃO É EURO). O país foi o principal "palco" do massacre que os alemães fizeram do povo judeu, na segunda Guerra Mundial.

Mapa para situá-los. 

Eu e a Karina pegamos o voo de Estocolmo com destino à Varsóvia. Chegamos no pequeno aeroporto de Modlin, e depois de ver 100 euros, quantia que eu tinha me proposto a gastar no país render mais de 300 PLN, fomos buscar informações de como chegar até o centro da cidade.
 A forma mais barata era pegar um ônibus, na porta do aeroporto até a estação de trem, e da lá pegar um trem para o Centro. Você compra tudo ali no guichê do aeroporto mesmo, o valor, se eu não me engano, foi 9 PLN (menos de 9 reais).
Ao chegarmos ao centro tivemos o nosso primeiro contato com os poloneses, já que precisávamos descobrir em qual pista teríamos que pegar o ônibus para a casa da nossa Host do Couchsurfing. 
Confesso que o primeiro contato não foi fácil, já que diferente da Suécia e da Dinamarca a Polônia não tem a língua inglesa como uma segunda língua no país. A dica é: aborde os mais jovens, pois a chance de achar alguém que fale inglês será maior. Depois de descobrir a pista e pegar o ônibus, tivemos nova dificuldade para encontrar o prédio da nossa querida Host Anna, porém dessa vez tivemos que utilizar a língua mais antiga dos homens para nos comunicar, sinais, e chegamos lá.


 Centro de Varsóvia, esse prédio é simbolo da Polônia comunista a qual os poloneses não guardam boas lembranças.

Sistema de bonde da capital.

 A Anna foi a minha primeira Host mulher, e foi uma excelente experiência. Chegamos na casa dela, e tinha  nada mais nada menos que um jantar a nossa espera, pena que era carne vermelha (eu não como). Minha cara foi lá no chão, mas tive que falar para ela que não comia o menu, ela ficou mais sem graça que eu (fofa) e fez questão de fazer um omelete. Enquanto jantávamos conversamos sobre tudo e em especial sobre a situação política e econômica dos nossos países, que descobrimos ser bastante semelhantes.
A Anna nos encheu de dicas sobre museus e pontos turísticos e já cansada se despediu com a promessa de que iria tentar nos encontrar no cochsurfing meeting, no dia seguinte. Ela nos deu uma chave do apartamento e nos deixou super a vontade. Nesse meio tempo o irmão dela, também muito gente boa, chegou e nos deu algumas dicas de como seria a melhor forma de chegar a Cracóvia (a cidade da Polônia que seria a nossa próxima parada).
No dia seguinte saímos de casa cedo, o clima lá estava BEM mais quente do que o da Suécia (16-17°C), portanto a Karina resolveu arriscar um short. Chegando no ponto de ônibus para ir para a Old Town, nos deparamos com uma senhora que simplesmente começou a gritar com a Karina, lógico que não dava para entender o que ela estava falando já que era polonês, porém claramente dava para ver que ela estava muito incomodada com as vestimentas da Ká, e que não estava fazendo elogios a ela. Tomamos um susto com a grosseria, porém entendemos que é uma cultura muito diferente, e os mais velhos carregam muito sofrimento do passado, principalmente as mulheres que perderam muitos familiares com na guerra. 
Passado o susto, fomos comprar nossa passagem de ônibus, lá em alguns pontos de ônibus existe uma máquina onde você pode comprar o ticket de ônibus que para estudantes sai por apenas 1,70 PLN, que alegria. Fiquem atentos pois não são todos os pontos de ônibus que têm a máquina e dentro dos ônibus não aceita dinheiro, também preste atenção pois assim que você entrar no ônibus precisa validar seu ticket. 
Quando chegamos ao centro a nossa sorte falou mais alto e começou aquela chuva de verão, tratamos de nos abrigar no primeiro café que nos encontramos e, como já eram quase meio dia, resolvemos almoçar. Acabou que o acaso nos levou para um lugar super agradável onde fomos SUPER bem atendidas pelo dono italiano - o House Cafe fica na Krakowskie Przedmieście 59 e vale a pedida, tomei um cappuccino e comi uma batata assada - gastei 18 PLN.


Nosso almoço no House Cafe.


Depois do almoço, e da chuva dar uma pequena trégua, resolvemos caminhar pela Old TownEntramos no Royal Castle e passeamos pelas ruelas, que são cheias de histórias para contar sobre a guerra. O Royal Castle, assim como a grande maioria dos monumentos de Varsóvia, foi completamente destruído pelos nazistas, e reconstruído fielmente pelos poloneses, que antes dos ataque "malandramente" recolheram diversos objetos e obras artísticas lá de dentro. Fomos até um ponto de informação turísticas, localizado na praça principal, lá conseguimos um mapa do centro histórico com os principais "must see". A praça em si é bem interessante, pois ao redor de toda a sua extensão, existem várias galerias de arte (fica a dica para quem gosta de arte). 

 Royal Castle

Praça do Royal Castle


Igreja St. Anne´s, essa torre ao lado da Igreja tem uma vista panorâmica da Old Town.
 Não sei se a vista vale a pena, pois não quisemos pagar para subir, já que o 
tempo estava bem nublado

A arte sempre presente...

Restaurantes charmosos ao longo do centro histórico.

 Old Town Market Square. Essa é a praça principal aonde podem ser encontrados diversos restaurante agradáveis (mais caros, LÓGICO), diversas galerias de artes e  casinhas típicas da Polônia, super bem preservadas.

Muralhas da Varsóvia medieval e o portão ao fundo. 

Casas com pinturas fazendo referência aos tempos difíceis de guerra.

Monumento em homenagem as crianças que foram para guerra.

Jan Kiliński foi o soldado que em 1794 comandou a retomada da capital Varsóvia, pelos poloneses, das mãos dos Russos.

Após o passeio pelo centro histórico, pegamos um ônibus e fomos para o famoso museu da guerra. Ao chegarmos ao museu, demos de cara com o príncipe e a princesa da Dinamarca, que estavam por lá passeando. O valor da entrada do museu é super barato, se eu não me engano 8 PLN com carteira de estudante. Como foi barato, pagamos mais 2 PLN para assistir um filme 3D sobre a destruição de Varsóvia pelos Nazistas. 
O museu realmente vale a pena para quem tem interesse pela Segunda Guerra Mundial  e  pela Guerra Fria.  Eu ainda não fui a nenhum museu na Alemanha, por isso não tenho parâmetro paral comparar, mas de qualquer forma achei bem legal. 
Em Varsóvia certamente você irá escutar a história por um ponto de vista um pouco diferente. 
O museu é super interativo e tem diversos artefatos e armas utilizados durante as guerras, fora que você realmente se sente andando sobre a linha do tempo. O filme 3D é interessante para ver que a cidade foi realmente COMPLETAMENTE destruída, o que é completamente inimaginável para quem vai lá hoje, e vê aqueles prédios super preservados. O único problema é que não conta história nenhuma, é apenas um sobrevoo sobre a cidade destruída e ao final relata alguns dados sobre quantas pessoas morreram e etc.


 Filme sobre a destruição de Varsóvia.

Museu da guerra.

"Motoquinha" usada pelos nazistas.

Após o museu fomos andando até a Palm Tree, que fica bem no meio da Jerusalem Avenue,  de lá seguimos o caminho a pé até o couchsurfing meeting que seria no centro mesmo. No caminho do bar nos deparamos com o Minuature Park. Esse parque, no futuro, pretende fazer réplicas de monumentos que foram destruídos, mas por enquanto a única miniatura é do Saxon Palace, que ali se encontrava mas que foi quase completamente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, exceto a entrada principal, local em que os soldados poloneses que faleceram são homenageados. 

A Palm Tree é uma escultura.



Tumba do soldado desconhecido, unica parte que sobrou do Saxon Palace. 



Miniatura do antigo Saxon Palace.

No final da tarde chegamos ao couchsurfing meeting, que ocorreu em um bar bastante simpático no centro. A nossa host Anna, infelizmente, não conseguiu se juntar a nós. A organização do encontro lá surpreendeu, pois além de possuir avisos na mesa você recebe um carimbo assim que chega, e assim compra cerveja mais barata no bar. O encontro estava um pouco mais vazio que o normal, porém foi ótimo pois conseguimos interagir com todos, ah lógico que tinha mais um brasileiro. Lá pelas tantas a mesa ao lado resolveu interagir com a nossa, e quando falamos que precisávamos ir embora para não perder o último ônibus para casa, eles começaram a oferecer shots de vodka, que o brasileiro logo nos alertou que seria de extrema grosseria negar. Então fomos nós para os shots de vodka e finalmente nos sentimos na Polônia. Durante os shots descobrimos que umas das polonesas da outra mesa falava um português perfeito, pois o chefe dela era português e descolamos uma carona de carro para casa, ufa não precisávamos mais de ônibus. De início estranhamos lógico,  carona de um quase desconhecido, mas o brasileiro falou que o cara era tranquilo e que sempre aparecia nos encontros, então como eramos duas, resolvemos deixar a desconfiança para lá e viver como os europeus. 

Entardecer no centro de Varsóvia.

Couchsurfing meeting - aguardando a foto com todo mundo, Karina!!

No dia seguinte, como partiríamos para Cracóvia no final da tarde, resolvemos acordar bem cedo para nos despedirmos da nossa Host querida, e para explorarmos um pouco mais da cidade. 
Partimos para um parque bem próximo a casa da Anna e muito bonito - chamado Łazienki Park ou Baths Park. O parque possui um castelo e muitas construções de arquitetura romana, além disso possui uma escola de arte com um enorme jardim, onde é possível encontrar jovens artistas produzindo arte.

Nossa Host Anna muito querida, um desconto para foto, pois tínhamos acabado de acordar depois de muitaaa vodka.

 Łazienki Park. 

Escola de arte.

Artista pintando no jardim da escola.

Logo após andar pelo enorme parque e de nos perder um pouco, fomos até a casa do host novamente buscar nossas malas. Já com as malas, fomos até a estação de trem, deixá-las em um armário. Nossos dois mochilões couberam no mesmo armário, e o preço era bem em conta por algumas horas. Da estação de trem pegamos um ônibus até o centro histórico e fomos a caça do Chopin Museum, sim um museu sobre o famoso compositor polônes de música clássica Frédéric Chopin. O museu é um barato e super barato, eu como tinha a carteirinha da ISIC ainda paguei mais barato, apenas 5 PLN. O múseu é 100% interativo e além de você ouvir a história de vida do compositor você também pode ouvir as obras dele ao longo do percurso. Vale muito a pena para quem gosta de música clássica e para quem não curte muito também vale, pois além do museu ser bastante dinâmico é um banho de cultura.

Museu do Chopin. 

Isso era uma espécie de cabine privada, aonde você encostava o seu cartão na tela e podia ouvir as músicas do Chopin e ler a explicação sobre a composição.

A nossa última missão antes de pegar o trem para Cracóvia talvez tenha sido a mais divertida! Na noite anterior um dos locais nos contou que embaixo de diversos viadutos da cidade existiam pubs, e quem tinha um muito legal no centro, relativamente perto do Museu. Ele  nos desafiou a encontrar o pub e tomar uma cerveja lá, antes de pegarmos o trem. O "local" nos deu algumas poucos informações, portanto, a única coisa que sabíamos é que seguindo o viaduto você chegaria da Palm Tree. A primeira coisa que pensamos foi: Nossa no Brasil temos pessoas morando embaixo de viadutos, aqui eles tem pubs!!! Genial!!  Logo, tivemos que conferir a veracidade do fato. Esse pub fica bem escondido, mas não é impossível de achar, o engraçado é que não adianta pedir informação, pois ninguém parece saber onde fica, então fomos seguindo as garrafas vazias largadas no chão. O bar possui uma quantidade enorme de tipos de cervejas - de toda a Europa  - e certamente vale por ser realmente muito diferente.

Você precisa passar pelas passarelas abaixo do viaduto e seguir para esquerda para encontrar o Pub.

Você consegue pegar um bonde da Palm Tree para esse viaduto e a estação é a Most Poniatowskiego.

Finalmente o Pub!

Ultima cerveja em Varsóvia.

De lá pegamos um bonde para a estação central de trem e finalmente partimos para a linda Cracóvia. O trem é super confortável e a viagem é rapidinha, 03 horinhas só. Não vejo a hora de contar para vocês um pouco mais sobre a Polônia. Próxima parada Cracóvia!