quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Polônia parte 1: Varsóvia

Bom, vou aproveitar a noite que terei que passar no aeroporto de Faro, devido ao bolo que tomei do meu host em cima da hora (primeira experiência negativa), para escrever mais uma aventura. Antes só um parênteses: nessa história de dormir no aeroporto achei um site bem útil, exatamente sobre o assunto: Sleeping in airports.

Antes que você leia esse "post" tenho um aviso a fazer: Se você é o tipo de pessoa que acredita que Europa se resume à França, Inglaterra, Espanha, Itália, Holanda e Alemanha, PARE AGORA antes que eu mude as suas crenças!!

Se você resolveu continuar a ler, é hora de abrir a sua mente, como alguns vários brasileiros já estão fazendo, e mudar seus roteiros convencionais para lugares tão interessantes quanto os clássicos, e que são MUITOOOO mais baratos e sim são na Europa.

Sente na cadeira e vamos decolar comigo para a incrível Polônia, primeira parada - a capital Varsóvia. Antes que você abra o google para procurar a localização e outros detalhes sobre o País, vou passar algumas informações:

A Polônia é o nono maior país da Europa, integra a União Europeia (a contra gosto de algumas simpáticos como o Reino Unido) e possui uma moeda que podemos equiparar ao real o PLN (boa notícia NÃO É EURO). O país foi o principal "palco" do massacre que os alemães fizeram do povo judeu, na segunda Guerra Mundial.

Mapa para situá-los. 

Eu e a Karina pegamos o voo de Estocolmo com destino à Varsóvia. Chegamos no pequeno aeroporto de Modlin, e depois de ver 100 euros, quantia que eu tinha me proposto a gastar no país render mais de 300 PLN, fomos buscar informações de como chegar até o centro da cidade.
 A forma mais barata era pegar um ônibus, na porta do aeroporto até a estação de trem, e da lá pegar um trem para o Centro. Você compra tudo ali no guichê do aeroporto mesmo, o valor, se eu não me engano, foi 9 PLN (menos de 9 reais).
Ao chegarmos ao centro tivemos o nosso primeiro contato com os poloneses, já que precisávamos descobrir em qual pista teríamos que pegar o ônibus para a casa da nossa Host do Couchsurfing. 
Confesso que o primeiro contato não foi fácil, já que diferente da Suécia e da Dinamarca a Polônia não tem a língua inglesa como uma segunda língua no país. A dica é: aborde os mais jovens, pois a chance de achar alguém que fale inglês será maior. Depois de descobrir a pista e pegar o ônibus, tivemos nova dificuldade para encontrar o prédio da nossa querida Host Anna, porém dessa vez tivemos que utilizar a língua mais antiga dos homens para nos comunicar, sinais, e chegamos lá.


 Centro de Varsóvia, esse prédio é simbolo da Polônia comunista a qual os poloneses não guardam boas lembranças.

Sistema de bonde da capital.

 A Anna foi a minha primeira Host mulher, e foi uma excelente experiência. Chegamos na casa dela, e tinha  nada mais nada menos que um jantar a nossa espera, pena que era carne vermelha (eu não como). Minha cara foi lá no chão, mas tive que falar para ela que não comia o menu, ela ficou mais sem graça que eu (fofa) e fez questão de fazer um omelete. Enquanto jantávamos conversamos sobre tudo e em especial sobre a situação política e econômica dos nossos países, que descobrimos ser bastante semelhantes.
A Anna nos encheu de dicas sobre museus e pontos turísticos e já cansada se despediu com a promessa de que iria tentar nos encontrar no cochsurfing meeting, no dia seguinte. Ela nos deu uma chave do apartamento e nos deixou super a vontade. Nesse meio tempo o irmão dela, também muito gente boa, chegou e nos deu algumas dicas de como seria a melhor forma de chegar a Cracóvia (a cidade da Polônia que seria a nossa próxima parada).
No dia seguinte saímos de casa cedo, o clima lá estava BEM mais quente do que o da Suécia (16-17°C), portanto a Karina resolveu arriscar um short. Chegando no ponto de ônibus para ir para a Old Town, nos deparamos com uma senhora que simplesmente começou a gritar com a Karina, lógico que não dava para entender o que ela estava falando já que era polonês, porém claramente dava para ver que ela estava muito incomodada com as vestimentas da Ká, e que não estava fazendo elogios a ela. Tomamos um susto com a grosseria, porém entendemos que é uma cultura muito diferente, e os mais velhos carregam muito sofrimento do passado, principalmente as mulheres que perderam muitos familiares com na guerra. 
Passado o susto, fomos comprar nossa passagem de ônibus, lá em alguns pontos de ônibus existe uma máquina onde você pode comprar o ticket de ônibus que para estudantes sai por apenas 1,70 PLN, que alegria. Fiquem atentos pois não são todos os pontos de ônibus que têm a máquina e dentro dos ônibus não aceita dinheiro, também preste atenção pois assim que você entrar no ônibus precisa validar seu ticket. 
Quando chegamos ao centro a nossa sorte falou mais alto e começou aquela chuva de verão, tratamos de nos abrigar no primeiro café que nos encontramos e, como já eram quase meio dia, resolvemos almoçar. Acabou que o acaso nos levou para um lugar super agradável onde fomos SUPER bem atendidas pelo dono italiano - o House Cafe fica na Krakowskie Przedmieście 59 e vale a pedida, tomei um cappuccino e comi uma batata assada - gastei 18 PLN.


Nosso almoço no House Cafe.


Depois do almoço, e da chuva dar uma pequena trégua, resolvemos caminhar pela Old TownEntramos no Royal Castle e passeamos pelas ruelas, que são cheias de histórias para contar sobre a guerra. O Royal Castle, assim como a grande maioria dos monumentos de Varsóvia, foi completamente destruído pelos nazistas, e reconstruído fielmente pelos poloneses, que antes dos ataque "malandramente" recolheram diversos objetos e obras artísticas lá de dentro. Fomos até um ponto de informação turísticas, localizado na praça principal, lá conseguimos um mapa do centro histórico com os principais "must see". A praça em si é bem interessante, pois ao redor de toda a sua extensão, existem várias galerias de arte (fica a dica para quem gosta de arte). 

 Royal Castle

Praça do Royal Castle


Igreja St. Anne´s, essa torre ao lado da Igreja tem uma vista panorâmica da Old Town.
 Não sei se a vista vale a pena, pois não quisemos pagar para subir, já que o 
tempo estava bem nublado

A arte sempre presente...

Restaurantes charmosos ao longo do centro histórico.

 Old Town Market Square. Essa é a praça principal aonde podem ser encontrados diversos restaurante agradáveis (mais caros, LÓGICO), diversas galerias de artes e  casinhas típicas da Polônia, super bem preservadas.

Muralhas da Varsóvia medieval e o portão ao fundo. 

Casas com pinturas fazendo referência aos tempos difíceis de guerra.

Monumento em homenagem as crianças que foram para guerra.

Jan Kiliński foi o soldado que em 1794 comandou a retomada da capital Varsóvia, pelos poloneses, das mãos dos Russos.

Após o passeio pelo centro histórico, pegamos um ônibus e fomos para o famoso museu da guerra. Ao chegarmos ao museu, demos de cara com o príncipe e a princesa da Dinamarca, que estavam por lá passeando. O valor da entrada do museu é super barato, se eu não me engano 8 PLN com carteira de estudante. Como foi barato, pagamos mais 2 PLN para assistir um filme 3D sobre a destruição de Varsóvia pelos Nazistas. 
O museu realmente vale a pena para quem tem interesse pela Segunda Guerra Mundial  e  pela Guerra Fria.  Eu ainda não fui a nenhum museu na Alemanha, por isso não tenho parâmetro paral comparar, mas de qualquer forma achei bem legal. 
Em Varsóvia certamente você irá escutar a história por um ponto de vista um pouco diferente. 
O museu é super interativo e tem diversos artefatos e armas utilizados durante as guerras, fora que você realmente se sente andando sobre a linha do tempo. O filme 3D é interessante para ver que a cidade foi realmente COMPLETAMENTE destruída, o que é completamente inimaginável para quem vai lá hoje, e vê aqueles prédios super preservados. O único problema é que não conta história nenhuma, é apenas um sobrevoo sobre a cidade destruída e ao final relata alguns dados sobre quantas pessoas morreram e etc.


 Filme sobre a destruição de Varsóvia.

Museu da guerra.

"Motoquinha" usada pelos nazistas.

Após o museu fomos andando até a Palm Tree, que fica bem no meio da Jerusalem Avenue,  de lá seguimos o caminho a pé até o couchsurfing meeting que seria no centro mesmo. No caminho do bar nos deparamos com o Minuature Park. Esse parque, no futuro, pretende fazer réplicas de monumentos que foram destruídos, mas por enquanto a única miniatura é do Saxon Palace, que ali se encontrava mas que foi quase completamente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, exceto a entrada principal, local em que os soldados poloneses que faleceram são homenageados. 

A Palm Tree é uma escultura.



Tumba do soldado desconhecido, unica parte que sobrou do Saxon Palace. 



Miniatura do antigo Saxon Palace.

No final da tarde chegamos ao couchsurfing meeting, que ocorreu em um bar bastante simpático no centro. A nossa host Anna, infelizmente, não conseguiu se juntar a nós. A organização do encontro lá surpreendeu, pois além de possuir avisos na mesa você recebe um carimbo assim que chega, e assim compra cerveja mais barata no bar. O encontro estava um pouco mais vazio que o normal, porém foi ótimo pois conseguimos interagir com todos, ah lógico que tinha mais um brasileiro. Lá pelas tantas a mesa ao lado resolveu interagir com a nossa, e quando falamos que precisávamos ir embora para não perder o último ônibus para casa, eles começaram a oferecer shots de vodka, que o brasileiro logo nos alertou que seria de extrema grosseria negar. Então fomos nós para os shots de vodka e finalmente nos sentimos na Polônia. Durante os shots descobrimos que umas das polonesas da outra mesa falava um português perfeito, pois o chefe dela era português e descolamos uma carona de carro para casa, ufa não precisávamos mais de ônibus. De início estranhamos lógico,  carona de um quase desconhecido, mas o brasileiro falou que o cara era tranquilo e que sempre aparecia nos encontros, então como eramos duas, resolvemos deixar a desconfiança para lá e viver como os europeus. 

Entardecer no centro de Varsóvia.

Couchsurfing meeting - aguardando a foto com todo mundo, Karina!!

No dia seguinte, como partiríamos para Cracóvia no final da tarde, resolvemos acordar bem cedo para nos despedirmos da nossa Host querida, e para explorarmos um pouco mais da cidade. 
Partimos para um parque bem próximo a casa da Anna e muito bonito - chamado Łazienki Park ou Baths Park. O parque possui um castelo e muitas construções de arquitetura romana, além disso possui uma escola de arte com um enorme jardim, onde é possível encontrar jovens artistas produzindo arte.

Nossa Host Anna muito querida, um desconto para foto, pois tínhamos acabado de acordar depois de muitaaa vodka.

 Łazienki Park. 

Escola de arte.

Artista pintando no jardim da escola.

Logo após andar pelo enorme parque e de nos perder um pouco, fomos até a casa do host novamente buscar nossas malas. Já com as malas, fomos até a estação de trem, deixá-las em um armário. Nossos dois mochilões couberam no mesmo armário, e o preço era bem em conta por algumas horas. Da estação de trem pegamos um ônibus até o centro histórico e fomos a caça do Chopin Museum, sim um museu sobre o famoso compositor polônes de música clássica Frédéric Chopin. O museu é um barato e super barato, eu como tinha a carteirinha da ISIC ainda paguei mais barato, apenas 5 PLN. O múseu é 100% interativo e além de você ouvir a história de vida do compositor você também pode ouvir as obras dele ao longo do percurso. Vale muito a pena para quem gosta de música clássica e para quem não curte muito também vale, pois além do museu ser bastante dinâmico é um banho de cultura.

Museu do Chopin. 

Isso era uma espécie de cabine privada, aonde você encostava o seu cartão na tela e podia ouvir as músicas do Chopin e ler a explicação sobre a composição.

A nossa última missão antes de pegar o trem para Cracóvia talvez tenha sido a mais divertida! Na noite anterior um dos locais nos contou que embaixo de diversos viadutos da cidade existiam pubs, e quem tinha um muito legal no centro, relativamente perto do Museu. Ele  nos desafiou a encontrar o pub e tomar uma cerveja lá, antes de pegarmos o trem. O "local" nos deu algumas poucos informações, portanto, a única coisa que sabíamos é que seguindo o viaduto você chegaria da Palm Tree. A primeira coisa que pensamos foi: Nossa no Brasil temos pessoas morando embaixo de viadutos, aqui eles tem pubs!!! Genial!!  Logo, tivemos que conferir a veracidade do fato. Esse pub fica bem escondido, mas não é impossível de achar, o engraçado é que não adianta pedir informação, pois ninguém parece saber onde fica, então fomos seguindo as garrafas vazias largadas no chão. O bar possui uma quantidade enorme de tipos de cervejas - de toda a Europa  - e certamente vale por ser realmente muito diferente.

Você precisa passar pelas passarelas abaixo do viaduto e seguir para esquerda para encontrar o Pub.

Você consegue pegar um bonde da Palm Tree para esse viaduto e a estação é a Most Poniatowskiego.

Finalmente o Pub!

Ultima cerveja em Varsóvia.

De lá pegamos um bonde para a estação central de trem e finalmente partimos para a linda Cracóvia. O trem é super confortável e a viagem é rapidinha, 03 horinhas só. Não vejo a hora de contar para vocês um pouco mais sobre a Polônia. Próxima parada Cracóvia!

3 comentários:

  1. Gostei muito. Fico aguardando o próximo capítulo.

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  2. Que venha a Cracóvia!! Espero que em breve......

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  3. Você é sempre uma agradável surpresa, cheia de nuances e ousadias."Voltarás mais velha" do que eu. Ainda aprenderei muito com você. Bjos saudosos.

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