segunda-feira, 14 de abril de 2014

Salamanca de carona

Essa foi a minha estréia no blablacar.com! Fomos de carona para Salamanca! O motorista super gente boa foi me contando algumas coisas sobre a Espanha, falamos sobre a corrupção e a crise em ambos os países, assunto recorrente! Falamos também sobre a vida e a programação do fim de semana. Enquanto isso a Britt dormia no banco de trás. Roberto vive em Madri mas é de Salamanca, esta indo passar a semana com a família e nos deixou bem perto da Plaza Mayor. Mas Britt esqueceu o celular no banco de trás! Deixamos nossas coisas no Hostel Tormes, na rua Mayor, caminhamos um pouco, passando pela catedral e indo até a ponde medieval, e voltando.


Fomos tomar algo enquanto esperávamos Ana, amiga da viagem aos EUA, de Salamanca. Almoçamos juntas e por volta das 16h Roberto apareceu com o celular da Britt! Ufa! Caminhamos mais um pouco, vimos a capela da Universidade de Salamanca, onde estava acontecendo um casamento. Aqui só podem casamentos em que um dos noivos seja estudante da universidade. E dizem que quem consegue ver o sapo na fachada tem a sorte! Eu vi, mas não achei... Tudo bem, quero me casar na praia mesmo... Muitas despedidas de solteiro são realizadas na cidade, sendo o casamento aqui ou em outro lugar. Além desses eventos a Plaza Mayor fica cheia de jovens sentados no chão, especialmente nos dias de sol. No verão a cidade é bem quente, mas só no sol! Na sombra continua frio! Fomos caminhando até a casa da Ana para encontrar Soraya, que veio do norte da Espanha nos ver. Finalmente a equipe do Grand Canyon reunida de novo! Quase um ano depois, repetimos a foto do "we can!"! Nos arrumamos e fomos jantar no "Ocean's Blue", onde a Ana fez uma reserva. Delicioso! Tomando um lambrusco rosé então! De lá fomos a um pub irlandês onde encontramos o Roberto e alguns amigos, incluindo uma conhecida da Ana. Cidade pequena é assim... Passamos por uma bar/boate e terminamos caminhando pela Plaza Mayor.




No dia seguinte, Britt e eu saímos do hostel (que alias é muito bom, limpinho, calmo e barato - 16 euros por pessoa em quarto duplo com banheiro compartilhado) para tomar café da manhã. Comecei a ver que todos estavam andando na mesma direção... Com Ramos na mão... Domingo de Ramos! Não tinha parado para pensar nisso! Foto Fiquei super emocionada!

Tomamos café e fomos para a catedral, onde consegui belas fotos! Foi muito emocionante!



A Britt queria tomar um sorvete na Plaza Mayor. Fomos até lá mas vimos que não dava pra passar... Então percebemos que a procissão ia passar por lá, estavam todos formando um corredor... E eu consegui sentar dentro do corredor, com as crianças! Primeira fila! Fotos Andamos mais um pouco, passando pelo horto, casa liz, calle San Pablo, Dominguitos, Gran Via, pegamos um sorvete na Plaza Mayor e, caminhamos pela Calle Zamora, onde todos os moradores andam pelo menos uma vez ao dia! Vimos a escola onde a Britt estudou espanhol e fomos descançar um pouco num parque. Como estava muito cansada tirei os sapatos, e um grupo de velhinhos que estavam sentados no parque começaram a falar comigo, pensando que eu estava cumprindo alguma penitência ( pedido por algum parente doente ou coisas do tipo) pelo fato de estar caminhando descalça! Salamanca é pequena e deliciosa! Vale a pena caminhar por todas as avenidas, dispostas em raios a partir da Plaza Mayor. Sente em qualquer "terraça", os restaurantes com mesas na calçada. Muitos deles tem menus por 11 ou 13 euros, e normalmente se cobra um adicional de 2 euros pelo serviço do lado de fora dos restaurantes. Foi maravilhoso passear nessa cidade linda, com amigas tão queridas. Rimos muito, nos conhecemos mais ainda e nos prometemos nos ver em breve. Talvez no fim dessa viagem, passeando pelo norte da Espanha. Hora de mochilar! Comer e gastar menos! Será que isso é possivel na Espanha? Voltei a Madri de carona também, e agora vou de ônibus (5 euros) para Toledo. Onde me espera meu primeiro host no couchsurfing.

Sabores de Madri

Essa não foi a minha primeira passagem por Madri, mas foi a mais completa. Além disso, foi o meu primeiro encontro via couchsurfing. Madri é linda, gostosa de andar. Tem diversos pontos turísticos, mas não precisa de roteiro. Como eu já conhecia e queria apenas passar algumas horas (de mochila e tudo), combinei com David (um peruano que vive em Madri) de nos encontrarmos no parque do Retiro. David não foi meu primeiro esbarrão. No metro do aeroporto Barajas para o centro de Madri uma mochileira me pediu ajuda, como não conheço bem a cidade, servi de tradutora. Mas acabamos conversando um pouco. Ela disse que estava indo a uma conferencia, eu perguntei do que e ela explicou que era bióloga... "eu também!" respondi. Ai contei que eu era couchsurfing... "eu também!" ela respondeu! Bem, fui convidada a conhecer Estônia, Letônia e Lituânia. Por conta das aulas de história nunca pensei nesses três países de forma individual, viajando não poderia ser diferente!

Cheguei no parque e fui comer algo, confesso que uma tortilla pela manhã foi pesada, mas valeu a pena, me senti de volta a Espanha na mesma hora. David me encontrou e conversando.... Caminhamos cerca de 4 horas! Sim... Carregando a mochila! Passamos pela Porta de Alcalá, Praça Cibeles, Palácio Imperial, vimos o monumento a Cervantes com as estátuas de Dom Quixote e Sancho Pança, Plaza Mayor e o mercado San Martin que eu ainda não conhecia. Fui para a casa da minha amiga Britt, holandesa que conheci durante a viagem pelos parques nacionais do oeste americano. Como ela ainda não tinha chegado do trabalho, esperei no bar mais próximo. O encontro foi uma delicia, tomamos umas cervejas e relembramos alguns momentos da nossa viagem. Fomos para a casa dela e dormi um pouco (30 minutos... Para quem não tinha dormido nada durante a noite no avião...) e logo saímos. Sentamos no " El miajón de los castúos" na Plaza de la Havana. Tomei uma sangria e comi um tapa ( pão com jamon ibérico e creme de queijo de cabra.... Maravilhoso!), além de experimentar azeitonas com pepinitos. A Britt tinha que trabalhar no dia seguinte, mas foi difícil ir embora! O garçom romeno que estava nos atendendo descobriu que eu era brasileira, assim como o outro garçom... Virou festa! Mandaram até eu entrar na cozinha e tirar foto fingindo cortar um jamón ibérico! Nos ofereceram chopitos (shots), falamos sobre a crise tanto no Brasil quanto na Espanha.





No dia seguinte eu disse que andaria em La Latina e arredores, mas acordei as 16h30. Como? Sim! Dormi por cerca de 15 horas! Acordei e a Britt já estava chegando do trabalho. Com as baterias carregadas fomos para o bar La Latina. Adorei! O ambiente é ótimo, e depois de uns "tapas" fomos andando pela região, cheia de bares, muito movimentada. Não tem erro, siga um dos multiplos fluxos e entre no bar ou pub que quiser! Passamos no mercado San Miguel para tomar (segundo a Btitt) a melhor sangria! Realmente era ótima (5 euros um copo de 500ml)! Depois ainda fomos na casa Julio, comer croquetas e tomar mais sangria! As minhas favoritas são as de queijo azul, jamon e espinacas!







terça-feira, 8 de abril de 2014

Antes de decolar: conheça a Karla

Jardins de Sabatini, Madri, 2009

Eu tinha oito anos quando ouvi a palavra "mochilão" pela primeira vez. Estava na casa de uma jovem amiga da minha mãe, moça recém-chegada de uma viagem de 30 dias pela Europa. Com o entusiasmo típico dos andarilhos, ela descrevia suas aventuras no Velho Continente, as confusões com o câmbio (era pré-euro), as dificuldades enfrentadas nas estações de trem por conta dos vários idiomas e as várias refeições regadas a sanduíches de queijo.

À época, tudo me parecia muito grande. Os mapas, os trens, os países e a moça viajante (tempos depois, eu viria a ter sorte de chamá-la de tia). Até as baguetes francesas que apareciam nas fotos eram as maiores que eu havia tomado conhecimento em meia década de existência. Mas algo daquela conversa ficou em mim. “Vou crescer e ‘mochilar’ como ela”, repetia, sem saber ao certo o que o termo significava.

Meu primeiro grande destino poderia ter sido a Disney. Quase embarquei naquelas excursões repletas de adolescentes que usam camisetas iguais e placas identificatórias até nas roupas íntimas. Entretanto, complicações financeiras, somadas ao desagradável episódio de 11 de setembro de 2001, cancelaram meus planos. Já o tempo – não à toa considerado o “senhor da razão” - encarregou-se de eliminar todo o desejo que um dia tive (será se tive?) de visitar a casa de Mickey Mouse.

A rota inaugural aconteceu mais tarde, quando eu já tinha idade suficiente para me jogar de cabeça na vida underground da Inglaterra. Estudei durante nove meses em Londres, experiência que renderá alguns posts neste espaço. Por ora, digo que a aventura da terra da Rainha me fez mais hábil, capaz, madura e ruiva.

De lá, fiz minha tão sonhada Eurotrip, visitando 15 países em pouco mais de um mês. Fui sozinha, dormindo em albergues, estações ferroviárias e aeroportos. Comendo sanduíches ou ‘podrões locais’ (que serão abordados em um post futuro). Parti de Liverpool e cheguei a Pisa, via França, Alemanha, Holanda e Leste Europeu. Foi como se um grande livro de história se materializasse diante de mim. Não economizei lágrimas.

Aliás, a única coisa que mochileiro deve economizar em viagens é dinheiro. O resto não merece ser poupado. Toda espontaneidade é valida quando se está pelo mundo (embora isso possa causar certa dor de cabeça no momento em que a realidade bate à porta).  É para falar com estranhos mesmo. Nem que seja num “dialeto” que misture seu idioma com o interlocutor. A comunicação vai além da perfeição dos vocábulos.

Seis anos já ficaram para trás desde a primeira jornada. Nesse ínterim, cheguei a fazer nova incursão pelo Velho Continente, contemplando cidades que foram excluídas da viagem inicial. Também passei pelos EUA, América Latina e estou aprendendo a ser turista no meu próprio país. Aos poucos, detalharei cada rota, destacando lugares imperdíveis, curiosidades e (por que não?) ciladas.

Meu nome é Karla, tenho 27 anos, sou jornalista, falo para caramba, escrevo mais ainda e viajo porque é na estrada que encontro minha melhor versão. Quem sabe um dia eu não consigo trazê-la para a rotina de vez...

Missão atual: Espanha (Sevilha, Granada, Baeza, Úbeda, Jerez de la Frontera, Cordoba, Arcos de La Frontera, Sanlucar de Barrameda e Ronda) e Portugal (Lisboa, finalmente?).

Decolando: 17 de maio de 2014. 

Antes de decolar: conheça a Vanessa

Punta Ninfa, Patagônia, Argentina, 2013

Vanessa Fontoura, 27 anos, bióloga; uma carioca apaixonada pelo Rio; adora estar com os amigos; detesta rotina; adora desafios; é feliz; precisa falar que ama viajar?

Acho que das três blogueiras sou a que menos rodou fora do Brasil, porém me orgulho de conhecer a maioria dos nossos estados (faltam: Acre, Roraima, Amapá, Paraíba, Alagoas e Sergipe). Minhas viagens não são baseadas em luxo e sim em muita aventura e natureza. Uma vez passei duas semanas viajando no Maranhão com 300 reais no bolso (mas essa história eu conto depois). 

Como estou longe de ser rica tive que aprender a me desapegar de algumas coisas no dia-a-dia e principalmente durante as viagens para poder viajar. Ultimamente quase todas as minhas horas livres são reservadas para fazer trabalhos de freelancer como bartender, o que faz com que eu acabe saindo menos e consequentemente gastando menos. Quando viajo eu nunca fico me preocupando com os restaurantes que vou comer ou com os hotéis confortáveis que vou ficar, sou guiada sempre pelo mais barato e quando existe a possibilidade pelo que é de graça.

Não busco a estabilidade, busco a felicidade! Acredito, sim, que seja importante pensar no futuro, fazer uma previdência, juntar dinheiro para comprar um apartamento mas realmente o mais importante é viver o agora pois o futuro é tão incerto que ninguém tem como ter certeza se estará la para desfrutar de tudo isso.

No momento acabei de terminar o meu mestrado e me encontro naquele hiato entre o mestrado e o doutorado, resolvi juntar um dinheiro e partir para Europa para pensar no meu doutorado e fazer contatos! Vou fazer algo que quero fazer há anos, estudar inglês lá fora, trabalhar (não consegui juntar tanto dinheiro assim) e lógico, aproveitar para viajar (PARE de adiar seus sonhos, fica a dica)!

Espero passar um pouco da minha experiência para vocês e dar dicas de lugares inesquecíveis por quais passei....

Missão atual: Portugal, Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Polônia, República Tcheca, Irlanda (estudar inglês), Irlanda do Norte (?), Escócia (?), País de Gales (?), Bélgica (?), Holanda (?).

Decolando: 28 de abril de 2014.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Antes de decolar: conheça a Karina



Pokhara, Nepal, 2012

Karina Lobão Vasconcellos, 25 anos, bióloga, mochileira, trekker, fotógrafa amadora e politicamente incorreta, quando necessário.

Eu gosto de aventura, se eu quisesse glamour iria a festas caras na cidade onde eu moro.
Eu quero experimentar, se eu quisesse apenas aprender ficaria lendo livros em casa.
Eu viajo para viver, porque para morrer basta sentar e esperar.
Não existe "must see", se não faz o seu estilo, não jogue tempo nem dinheiro fora.
Se não quer sair do resort, não precisa sair da cidade.

Desde pequena gostava de conhecer lugares novos, pegar uma estrada... Acho que o cheiro do asfalto me faz bem, da estrada de terra então... Uma vez sai da escola apenas com  o uniforme no corpo e a caneta usada para fazer a prova na mão, e passei uma semana na fazenda de uma amiga. Poucos anos depois fui parar na Argentina com outra amiga, aprendi a falar espanhol e a dirigir com seu avô. Então entrei na faculdade... O primeiro mochilão foi na Europa, 10 países em 45 dias, sem falar inglês... SIM! Espanhol, francês e MIMICA (na Croácia em especial). Em 2009 tranquei a faculdade e fui morar 7 meses na Austrália para aprender inglês. Acabei fazendo um mochilão pela Ásia (Vietnam, Tailândia, Indonésia, Malásia e Singapura). Voltei morei 3 meses dentro de uma reserva no Pantanal. Quando estava prestes a me formar uma amiga me ligou e disse: "Vamos para a China?" É claro que eu concordei, assim fomos parar na India. O Nepal foi uma consequência.

Fui onde o vento me levou, e agora que aprendi a viajar, começo de fato a traçar meus rumos. Aqui vou contar sobre por onde passei, onde sobrevivi, onde não piso nunca mais, onde preciso voltar e de onde nunca vou esquecer, de um jeito ou de outro...

Missão atual: Espanha, Dinamarca, Suécia, Polônia, Italia, Malta, França, Noruega(?), Bélgica(?) e Andorra(?).

Decolando: 09 de abril de 2014.

domingo, 6 de abril de 2014

Post número zero: como tudo começou


Por vezes, o mundo lembra uma pista de dança. Parece enorme, mas vai ficando pequeno à medida que as pessoas vão esbarrando umas nas outras. Mochileiros se (re)conhecem a todo momento em praças, parques, praias, trilhas, montanhas, castelos e albergues das cidades que visitam. Perguntas como “você tira uma foto?” ou “onde fica o supermercado mais próximo?” podem ser o início de longas amizades.

Na vida, as coisas não ocorrem de maneira muito diferente. É possível dizer, aliás, que esse blog nasceu de três grandes esbarrões.

Karla e Vanessa na adolescência
Para explicar o primeiro, teremos que voltar a 2001, ano em que essas meninas de sorrisos metálicos calharam de sentar na mesma fileira durante a 8ª série. Uma era amante da natureza e viajava nas aulas de Ciências; a outra caprichava nas redações sonhando em, um dia, escrever para o caderno de cultura de um grande jornal.

Karla e Vanessa cresceram e nunca se perderam de vista. Não são andarilhas com perfis exatamente semelhantes, logo, trarão impressões complementares a respeito de cada lugar que passarem. 

Karina e Vanessa em experiências laboratoriais 
O segundo esbarrão aconteceria algum tempo depois. Quem diria que uma conversa de refeitório sobre futebol aproximaria duas calouras flamenguistas em seu primeiro dia na faculdade de Biologia?

Na graduação, Vanessa e Karina exploraram os recantos mais alternativos do Brasil. Ambas gostam de aventura (leia-se: perrengue) e desbravar cidades que turistas comuns costumam manter distância. 

O último esbarrão poderia ter acontecido em 2009, quando Karla e Karina estreavam como mochileiras no Velho Continente. Ou nos 39583858384 churrascos, feijoadas e choppadas promovidas regularmente por Vanessa. 

Mas as viajantes só se cruzaram ao fim de 2013, numa baratona de aniversário da amiga em comum. Foram horas falando de rotas passadas e confabulando sobre futuros destinos. A conversa ultrapassou a festa, invadiu redes sociais, além de encontros pelos botequins do Rio. 

Em 2014, Vanessa, Karla e Karina cairão na estrada praticamente ao mesmo tempo. Resolveram, então, transformar seus diários de bordo individuais em um blog coletivo, o Mundo Por Três, que também trará retrospectivas de jornadas antigas.  

A ideia é unir leitores dos mais diferentes estilos em torno de uma mesma paixão: conhecer o mundo.

Aprontem suas mochilas e boas viagens!

Equipe Mundo Por Três