A Andaluzia
está entre minhas rotas dos sonhos há bastante tempo, porém sempre pareceu
contramão. Quando decidi retornar à Europa para estudar espanhol, não hesitei
em escolher a comunidade autônoma como destino.
Considerada por muitos um "mundo árabe" dentro da Península Ibérica, a região é composta por oito províncias. Todas estão ilustradas na imagem abaixo (sei que vocês, mochileiros, amam um mapinha esperto):
Considerada por muitos um "mundo árabe" dentro da Península Ibérica, a região é composta por oito províncias. Todas estão ilustradas na imagem abaixo (sei que vocês, mochileiros, amam um mapinha esperto):
Mapa simplificado da Andaluzia |
Meu pouso é
a capital Sevilha, que será tema de inúmeros posts aqui. Por enquanto, vou falar sobre meu bate-volta a Córdoba, cidade da província homônima onde
ruínas cristãs, islâmicas e judaicas convivem em perfeita harmonia.
Os espanhóis
costumam usar a palavra "tontería" para referirem-se a
"besteiras" ou "bobagens". Pois meu dia de viagem começou
repleto de "tonterías" – todas cometidas pela mochileira que vos
fala.
Fixei o
despertador para 7h, porém não consegui levantar antes das 8h30, perdendo o
trem mais barato do sábado. "Tudo bem", ponderei, "a promoção já
era, mas o preço normal expresso no site não é ruim".
Tentando
evitar o uso do cartão de crédito (IOF, seu danado!), resolvi comprar os
bilhetes na própria estação. Imaginem minha paralisia facial quando o atendente
disse que eles custariam €49 e não os €27 ("tarifa internet", agora
eu sei) informados no portal.
"Oi?
49?"
"Com cinquenta centavos, senhorita! É um trem de alta velocidade..."
"Por
esse preço, deve ser teletransporte..."
Os bilhetes
já estavam impressos, lançando-me um olhar 43. Desistir deles significaria usar
tempos verbais não aprendidos em espanhol. E sol raiava lá fora, poxa. O jeito
era entubar o prejuízo e partir para o destino planejado. "É bom você
valer a pena, Córdoba”, pensei.
De fato, o
bicho-trem-boladão era rápido. Menos de meia hora depois (11h30), eu já havia chegado a Córdoba Central. No centro de informações
turísticas da própria estação, é possível obter um mapa e uma tabela com os
horários das principais atrações. E, por favor, não façam como.... não, calma,
já comento.
Selecionei cinco lugares para
visitar: Mesquita/Catedral, Judería (bairro judaico), Sinagoga, Alcázar de
Los Reyes Cristianos, Torre de La Calahorra e Ponte Romana. Munida de todos os panfletos possíveis, iniciei a jornada.
A entrada da "cidade velha" é marcada pela Porta Almodóvar, uma das poucas fortificações medievais ainda existentes em Córdoba.
Porta Almodóvar: entrada do bairro judaico de Córdoba |
Minha
primeira parada foi a sinagoga, cuja visitação se encerraria nas próximas duas
horas. Era difícil, no entanto, manter o foco diante da beleza quase
cenográfica do bairro judaico.
Caminhando pelo bairro judaico |
Após me
perder propositalmente em várias vielas de "la Judería", encontrei
meu alvo. A Sinagoga de Córdoba é o único prédio do
tipo na Andaluzia e um dos três restantes na Espanha. Guardou consigo um pouco
da história do povo judaico, expulso do país ao fim do século XV.
Sinagoga de Córdoba |
De lá, segui
para a Mesquita/Catedral, cuja fachada dispensa maiores observações.
Catedral vista da Ponte Romana |
Nos arredores da Catedral, está o Alcázar de Los Reyes Cristianos, instalação das autoridades cristãs na época da Reconquista. Hora de contar a terceira – e última, ufa! – “tontería” do dia. Cheguei a passar pelo local duas vezes, mas minha curiosidade fez com eu retornasse à Juderia pensando “ah, posso vir mais tarde, fica aberto até as 20h...”. Não reparei, entretanto, que a entrada mudava de valor após as 16h30, acrescendo o preço do show da noite. Ou seja, ainda que você não possa/queira assistir à apresentação, tem de desembolsar €7 (e não os originais €4,50) para visitar o palácio. Respirei novamente, agradeci a Murphy pela benevolência concedida e entrei.
Caso ocorra a mesma situação com vocês, por favor, façam como eu: paguem o valor maior. Do contrário, estarão perdendo esta vista:
E este jardim:
Outro local que merece destaque é a Torre de La Calahorra, fortaleza
construída no período da dominação islâmica que servia de proteção à Ponte
Romana, localizada logo à frente. Optei por não entrar, pois já havia tido uma
visão panorâmica da cidade no alto do Alcázar.
Torre de La Calahorra |
Muito sol na Ponte Romana |
Antes de voltar à estação, passeei um pouco pelo centro “moderno” para ver como os nativos vivem. Descobri que a cidade estava em meio
à Feria de Mayo e várias apresentações de flamenco ocorreriam naquela noite.
Infelizmente, não poderia assistí-las. Era a hora de pegar o trem para Sevilha.
Apesar das moscas financeiras ingeridas, foi um dia lindo.
Córdoba superou as expectativas e me fez ansiar pelas próximas viagens andaluzas.
Serviço:
Trem (bilhetes antecipados - Espanha)
Site: www.renfe.com
Estação Santa Justa (Sevilha)
Mapa: goo.gl/UXlzmc
Estação Córdoba Central
Mapa: goo.gl/FU8qsc
Sinagoga
Mapa: goo.gl/ErKvAM
Entrada: franca
Mesquita/Catedral de Córdoba
Site: www.catedraldecordoba.es
Entrada: €8 (Vale muito a pena, não sejam sovinas! rs)
Alcázar de Los Reyes Cristianos
Entrada: de €4,50 a €7
Torre de La Calahorra
Adoro seus textos, Karlinha! Acho que um mochilão com você não seria uma má ideia! ;)
ResponderExcluirE que Jardim maravilhoso!
Beijão
Mari Biasutti
Que chica hermosa! Amo!
ResponderExcluirKarlinha, o seu texto é excelente.....já estou com vontade de voar para o Sul da Espanha (não conheço ainda)!!!! Divirta-se em Lisboa!! Aguardo as dicas!!!
ResponderExcluirAdorei!!! Aguardo Lisboa com ansiedade!!! Bjs
ResponderExcluirCadê Lisboa??? hahahaha
ResponderExcluirKarlinha, quero mais!!!! Coragem!! KKKKKKK
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